segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Testamento do Entrudo 2008 (segundo o Zé)

É chegado o Carnaval.
E, não faltando conteúdo,
Ninguém escreveu, bem ou mal!,
O Testamento do Entrudo!

Tradição já muito antiga
Que por cá já fez furor…
Será por medo da Amiga
Que ninguém se quer expor?!

Cá o Zé não se conforma
E não vai ficar calado.
E então, cumprindo a norma,
O Testamento é laureado.

Não é lido na cidade
Tal como deveria sê-lo,
Mas fica p’ra posteridade
Aqui, no Zé do Bustelo!

Eu, Juiz do CASO do SACO
Superiormente incumbido
(Após descer ao buraco
O ilustre falecido).

Para fazer a leitura
Do testamento deixado,
Vou proceder à abertura
Do Documento Selado.

Antes, porém, confirmei,
A presença dos Lambões,
Em cumprimento da lei
P’ra evitar confusões!!!

Já que não falta ninguém
Passarei a ler então.
Mas, para tudo correr bem
Apelo à vossa atenção…

Sou o vosso avô Entrudo
Pai de tantas palhaçadas!
Sei que vou morrer. Contudo
Deixo as minhas coordenadas.

Divido toda a riqueza
Pelos meus herdeiros amados.
E parto com a certeza
De que ficam consolados.

Decidi com mil cuidados
O que deixar e a quem,
Para serem contemplados
Com aquilo que lhes convém!

Senhor da minha vontade
Fiz tudo para ser justo.
Talvez por causa da idade
Decidi, mas muito a custo!

Vamos lá, queridos herdeiros,
Ao que aprouve por fim.
Alguns serão os primeiros,
Mas a vida é mesmo assim.

Ao Presidente da República
Tão mole com o Executivo!,
Eu deixo-lhe a Carla Bruni
P’ra ser mais interventivo!

P’ro nosso Primeiro-Ministro
Cujo Governo já não se atura,
Deixo-lhe o Diogo Infante
P’ra “promover a cultura”…

Também lhe quero deixar
“(Ainda bem que me lembrei)”!
Legislação a autorizar
Que hajam casamentos GAY!

E p’ra não se desligar
De um esquema que deu buraco!,
Deixo-lhe ainda ficar
Um retalhinho do SACO.

P’ro Ministro da Justiça
Poder levar a bom porto
Um sector que tudo enguiça
E continua tão torto!,

Deixo-lhe o Campo Pequeno
De modo a satisfazê-lo!,
Para julgar em pleno
Como se fora o Otelo.

E um tribunal que consiga
Julgar processos vitais
E como os outros prossiga
A arrastar, p’ra nunca mais!!!

Refiro a peidofilia
Que encheu páginas inteiras!,
O Caso do Pito Dourado
E o Mensalão de Felgueiras!

P’ra Ministra da Saúde
Com um processo a decorrer,
Deixo o Doutor Artur Marques
P’ra Ministra defender.

Vou deixar-lhe competência
Visão e discernimento.
E assim, com tal apetência
Ana adia o encerramento…

Deixo-lhe manifestações!
Será que a Ministra treme?
Deixo-lhe enormes confusões
Com os Bombeiros e o INEM.

Deixo-lhe um abaixo-assinado
De Felgueiras, em geral,
P’ra que não seja encerrado
À noite, o nosso hospital.

E ao Ministro da Cultura?
Vou deixar, porque me apraz,
A Casa do Povo da Longra
P’ra ele ver como se faz!

Deixo verba disponível
Para, de alguma maneira,
Salvar a Casa das Torres
E o Teatro Fonseca Moreira!

P’ro Ministro Mário Lino
Fazer mais qualquer coisinha
Deixo um aeroporto em Revinhade
“Proposto pela Fatinha”!

Deixo-lhe um deserto na Ota
Pior que o da outra margem!
Que o discurso do “já mééé´”
Não passou duma miragem!!!

O Aeroporto e o TGV
São dois projectos de impacto:
Vou deixar-lhe um gabinete
Que depressa os faz, de facto!

Um Gabinete da terra!,
Do Engenheiro Machado,
Já que tem a garantia
De que tudo é aprovado!

P’ra Ministra da Educação
Que faz mudanças sem nexo
Deixo um programa de acção
P’ra disciplina de sexo!

P’ro Ministro das Finanças
Deixo mais alguns Offshores
P’ra ele não se incomodar
Com os grandes investidores!!!

É um novo (des)Governador
Do Banco de Portugal
Que se empenhe, sem rigor
No interesse Nacional.

Quanto ao Ministro Rui Pereira
Há um legado especial!
Verba para construir
Cá, um novo Tribunal.

Garanto muito trabalho
De modo a não ir avante
A transferência da Comarca
P’ra cidade de Amarante!

Só uma ilustre arguida
Com processos em cadeia!,
Garante logo à partida
Muito tempo…Sala cheia!!!

E o Quartel da GNR
Há muito anos prometido?
Vou deixar, antes que emperre
O Ministro comprometido!!!

P’ra toda a classe política
Deixo acesa discussão
P’ra nunca ser aprovada
Uma lei anti-corrupção!!!

De volta a este cantinho
Que vou deixar com tristeza
Deixo, com muito carinho
Parte da minha riqueza!

P’ro correspondente do JN
Deixo uns óculos graduados
P’ra quando enviar notícias,
Ver bem p’ra todos os lados

E p’ra mor de emagrecer
Deixo-lhe duas brasileiras
Uma ainda se há-de ver
Mas a outra mora em Felgueiras…

P’ro amigo de Moncorvo
Não vir a sofrer das costas,
Deixo-lhe uma língua de metro
P’ra de pé, lamber-lhe as botas!!!

P’ro Quinzinho arrependido
Deixar de dormir tão mal!,
Deixo um raminho de flores
P’ra levar ao Tribunal!!!

P’ro amigo Horácio Costa
Não se apoquentar demais
Deixo um empréstimo bancário
Para as custas judiciais

Ao Doutor Caldas Afonso
Homem cordato e de afectos
P’ra deixar de ser “Alonso”
Deixo uns tomates pretos!

Deixo ao Bruno Carvalho
Um bercinho p’ra criança!
Assim, faz o seu trabalho
Enquanto o bebé balança!

P’ro Senhor Horácio Reis
Ter ainda mais conforto
Deixo-lhe um grande martelo
P’ra fazer vinho do Porto!

E para com mais segurança
“Enganar muitos camelos”.
Deixo-lhe ainda um carimbo
Para falsificar os selos!!!

Deixo a Sôr Professor Campos
Que quase passou à estória
Um lindo par de alianças
P’ra entrar no Reino da Glória!!!

P’ro Senhor Doutor Garção
Ser conhecido de verdade,
Deixo-lhe uma obra de vulto
Que lhe dê visibilidade!

P’ro Senhor Engenheiro Lima
Sentir bem nas que se meteu!
Deixo-lhe a desvinculação
De um cargo que nunca exerceu!

Ao Presidente da A. M.
Vou deixar, mas sem surpresa,
A solene garantia
Da dissolução da Mesa!!!

Ao Senhor Juiz do SACO
Que muito respeito até
Deixo tempo disponível
Para poder ler o Zé!

Assim ele fica elucidado
Para uma boa decisão!
E não será tão enganado
Pelos aldrabões que lá vão!!!

P’ra Oliveira Cajuda Amentir
Se sentir bem mais feliz,
Deixo tácticas habilidosas
Para iludir o Juiz!!!

E p’ras notícias malfadadas
Não serem lidas jamais,
Eu deixo-lhe alguns trocados
Para açambarcar os jornais!!!

P’ro Senhor Doutor Artur Marques
Colega do outro paspalho,
Deixo-lhe políticos corruptos
Que lhe garantam trabalho!!!

À Carina de Vila Fria
Vou deixar, do burro do moleiro,
Uns óculos de cabedal
P’ra ver se entra no carreiro!!!

P’ro Presidente de Jugueiros
Tenho muito que deixar:
Infraestruturas para a água
Que só têm para exportar!

Quanto à via principal
Será preciso alargá-la.
E a ligação a Armil?
Está tão má. Há que arranjá-la!

Deixo-lhe uma mini hídrica
Para enfim, daqui p’ra a frente,
Não lhe faltar energia
Para escovar a Presidente!

Ao Presidente do Unhão
Ver bem com quem se anda a dar
Deixo-lhe um “Bom Preto ao colo”
P’ra acabar de se en(t)ravar!

P’ro Presidente de Barrosas
Ganhar mais do devia
Deixo-lhe alguns acidentes
Com os carros da autarquia!

P’ro peixeiro de Lagares
Expressar mais um lamento
Vou deixar-lhe outro desgosto
O chumbo d’outro orçamento!

Ao Presidente de Varziela
Que a patroa tanto acarinha,
Vou deixar papel de embrulho
Para as prendas da Fatinha!

Ao Presidente de Caramos
Que não pagou ao empreiteiro
Deixo, para ganhar vergonha,
Um rótulo de caloteiro!

Ao Presidente de Vila Cova
Que parece ter feitiço,
Deixo-lhe o candomblé
P’ra lhe quebrar o enguiço!

E deixo-lhe outra viagem
A uma estância brasileira,
Para o livrar da lavagem
Que lhe fez a feiticeira!!!

P’ro Presidente de Torrados
Não crer mais em demagogos,
Deixo-lhe a magia do Pai Natal
P’ra relvar o campo de jogos!

P’ra Senhora de Revinhade
Ter uma vida, mais ou menos,
Vou deixar-lhe infraestruras
P’ra vender bem os terrenos!!!

À Freguesia de Airães
Que já teve um bom Padrinho,
Vou deixar a conclusão
Da estrada do Marinho!!!

P’ro Presidente de Regilde
Continuar Sempre Presente!
Vou deixar-lhe um pavilhão
E a “Escola da Presidente”!

P’ro Presidente de Sendim
Que sofre de uma tontura!,
Vou deixar uma bengala,
Para ver se ainda se segura!

Deixo um forte cadeado
Para Presidente de Aião
P’ro prenderem na Assembleia
E estar lá p’ra votação!

P’ro Presidente de Macieira
Continuar a ser macaco,
Deixo-lhe o alfaiate Nogueira
P’ra lhe virar o casaco!

P’ro Presidente de Pinheiro
Preservar a sua pele,
Deixo-lhe companheiros leais
E que não digam mal dele!

P’ro Presidente de Lordelo
Que é fã de boa pomada,
Vou deixar uma mota nova
Já que a outra foi queimada!!!

Ao Presidente de Pombeiro
Vou deixar um bom presente:
Um serviço de jantar
Ao nível da presidente?!

Ao Presidente de Sernande
Vou deixar desembaraço,
Para a Associação de Freguesias
Não redundar num fracasso!

Ao Presidente da Refontoura
A esse grande oportunista,
Deixo outra Associação
P’ra deleito do artista!

Deixo a Rande Voluntários
Que possam angariar,
Para a Capela Mortuária,
Os fundos para a pagar!

P’ro Presidente da Pedreira
Se fazer bem entender,
Deixo-lhe um curso de brasilês
P’ra Fatinha o perceber!

P’ro Presidente de Friande
Não abandonar a Assembleia,
Vou deixar-lhe um bom seguro
Que há incêndios volta e meia!

Ao Presidente de Moure
Deixo-lhe muita paciência,
Pois sei que vai precisar
Até à nova presidência!

P’ro Presidente de Sousa
Vou deixar muita cautela
Pois se não se põe a pau
Acaba por ir na onda d’Ela!

P’ra Freguesia de Várzea
Que muito há-de mudar,
Vou deixar outro terreno
Para a Câmara registar!

Deixo um túnel para a estrada
Não estragar o que concerne,
À integridade da Granja
E, é claro, de Maderne!

Ao Presidente de Vila Verde
Não há muito que deixar,
Porém, deixo o meu apreço
Pois deixou de acreditar!

P’ro Presidente de Santão
Não ser mais d’Ela instrumento
Eu deixo os oito mil euros
P’ra pagar o saneamento!

Vou deixar p’ra Penacova
Benefícios prometidos,
P’ra não ser o Presidente,
Mais um Senhor dos Perdidos!

P’ro Presidente de S. Jorge de Vizela
Não ser tentado a mais mudas,
Deixo-lhe obras por fazer
Para não ser outro Judas!

Deixo a Borba de Godim
Um assunto bem complexo,
Na sede da sua Junta
A construção de um anexo!

P’ra melhorar os serviços
Quero deixar-lhe uma sala.
Mas o caso, é que a Patroa
Não está disposta a entregá-la!

P’ra Junta de Margaride
Também tenho o que deixar,
Obras por ela prometida
Que não vai concretizar!

Deixo um novo cemitério
Que a Câmara não quer fazer.
Esgotos a céu aberto
Com dejectos a correr;

Deixo a estrada não construída
P’ra Escola de Padroso,
Tantas vezes prometida
Que até já parece gozo.

Vou deixar um teleférico
Do centro a Santa Quitéria,
Uma ideia muito antiga
De alguém que só tem léria!

Deixo, só p’ra chatear
Um boicote financeiro
Para as obras não avançar
Pela falta de dinheiro!

Deixo ainda um substituto
P’ras AM’s comparecer,
Já que o Lemos é muito astuto
E a Patroa não o quer!

Já para o grupo dos seis
Ainda ditos socialistas!,
Vou deixar qualquer coisinha
Que agrade aos malabaristas!

Já que estão na corda bamba
Sem vergonha nem decoro,
Vou deixar-lhes feromonas
Que ajudarão ao namoro!

Sendo mais forte a atracção
Apressem o casamento,
Movidos pela ilusão
De viabilizar o Orçamento!

P’ra Concelhia do PSD
Vou deixar arte e engenho,
Pois, p’ra mudar o sistema,
Só lá vai com muito empenho!!!

P’ra Concelhia do PS
Se manter no rumo certo,
Deixo um acto eleitoral
Que eu sei, já está perto!

Para ver se a CDU
Consegue outro desiderato,
Ao líder deixo um formão
Para esculpir um candidato!

Vou deixar à Concelhia
Do CDS/PP
Perspectivas de retorno
Que agora ninguém os vê!!!

Vou deixar p’ros bloquistas
Alguns jovens revolucionários,
Já que fazem muita falta
P’ra pintura dos cenários!

E agora p’ra Madrinha,
Nossa ilustre Presidente?
Não deixo qualquer coisinha
Pois ela é muito exigente!

Atendendo ao seu estatuto
E (de)mérito alcançado,
Decidi o que reputo
Do mais (i)merecido legado!

De tanto pescar à linha
Vai cansar-se qualquer dia!
Deixo-lhe então uma rede
P’ra aumentar a pescaria!

Deixo um montão de promessas
Que enchem trinta e dois sacos,
Para virar as cabeças
Principalmente aos mais fracos!

Manobras de distracção
Deixo-lhe uma caixona cheia,
Para atrasar a destituição
Dos mesários da Assembleia!

Deixo-lhe mais lata p’ra fingir!
Pois assim sem protocolos,
Com seu jeito de mentir
Vai seduzindo alguns tolos!

Deixo-lhe ainda ficar
O poder do incitamento
Para mais uma vez tentar
A aprovação do Orçamento!

Deixo-lhe outra votação
P’ro orçamento alterado,
E uma bela ocasião
P’ra tornar a ser chumbado!

Deixo-lhe arte p’ra jogar
“Com o que nunca aconteceu”!
Levando alguns a duvidar
Se o outro lado cedeu?!!!

Deixo-lhe um novo tribunal
Dotado das mais valências,
Com uma sala especial
Só p’ras suas audiências!!!

Deixo-lhe muitas testemunhas
Dispostas a defendê-la!
E deixo-lhe a absolvição!,
Que afinal, deve merecê-la!

Deixo-lhe uma indemnização
Por tudo o que tem passado!,
Uma justa reparação
“Que lhe é devida pelo Estado?”

Deixo-lhe um estádio destruído
(Se Ela o vender não faz mal!)!
Para lá ser construído
Mais um Centro Comercial!!!

Deixo-lhe outra Confraria
E nomeio-a Chanceler,
E um busto na Autarquia
Para imortalizar a mulher!!!

Mais teria p’ra deixar
À Senhora Presidente
Mas tinha que acreditar
Que Ela é vítima inocente!!!

Deixo-lhe a Rádio Felgueiras
P’ra lhe dar voz quando ela quer!
E que evita dar notícias
Que a possam aborrecer!!!

Deixo-lhe um “maço de tabaco”
Atrás dos Paços do concelho,
E nessa obra importante
Ninguém vai meter bedelho!

Deixo-lhe umas jantarolas
Com centenas de apoiantes
Romarias, passeatas,
E outros eventos sonantes!!!

Deixo-lhe uma conta aberta
Lá no Estado de Montana,
Deve achar-se muito esperta
Mas ela a mim não me engana!!!

Por fim, deixo um regicídio
Mas desta vez cá no Norte,
Para acabar com a rainha
E com toda a sua corte!!!

Ai! Estou cansado de falar.
Ainda bem que terminei
Tantas coisas p’ra deixar!!!
Acho que não me enganei.

Sei que haviam outros lambões
Que queriam ser contemplados.
Em futuras doações,
Quem sabe, serão lembrados!!!

Espero assim morrer em paz,
Pois tudo o que tinha, dei!
Penso que fui bom rapaz,
Mas enquanto pude, farrei!

Se alguém ficou chateado
Não se queixe ao tribunal,
E se alguém não foi lembrado
Paciência, é Carnaval!!!

Espero que o meu sucessor
Seja bom, como convém,
Digo adeus a toda a gente
Até ao ano que vem!